Uma visão integral sobre o serviço público

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A história de Luiz Bandeira é uma prova de como a atividade de planejamento e orçamento pode ser transversal na organização do Estado. 

Tendo trabalhado como servidor a maior parte de sua vida, Luiz Bandeira revisita sua trajetória com orgulho de ter feito contribuições reais em mais de uma área da administração pública, tanto no governo federal como no governo do Distrito Federal. Profissional de orçamento mesmo antes da existência da carreira de planejamento e orçamento, ele se destacou em distintas funções, muitas das quais foram determinantes para a consolidação do regime social estabelecido pela Constituição de 1988.

Sua primeira experiência de destaque foi junto ao histórico ex-ministro Delfim Netto, que faleceu este ano. Entre os anos de 1982 e 1984, portanto no contexto da abertura e redemocratização do Brasil, Bandeira foi secretário de orçamento do Ministério da Agricultura, então ocupado pelo famoso economista. “Lá foi possível realizar um grande trabalho aproveitando a experiência deixada pela equipe do anterior ministro Alysson Paolinelli, que foi o homem que revolucionou a agricultura no Brasil”, lembra Luiz Bandeira. 

Após sua bem sucedida passagem pela pasta da Agricultura, Bandeira foi para a Secretaria de Orçamento Federal, a SOF. Lá ficou apenas brevemente, visto que logo foi chamado para um de seus maiores desafios, como secretário-geral adjunto do Ministério da Educação e Cultura (antigo nome do MEC), entre os anos de 1986 e 1988. É nesta época que a carreira de planejamento e orçamento se torna oficialmente uma carreira de

 Estado, e Bandeira ajudou a criá-la por meio de sua importante função no MEC. 

“Lá no MEC, fizemos uma verdadeira revolução. Nós restabelecemos o ensino técnico no Brasil,

 repensamos a universidade brasileira, valorizamos a escola pública e eu particularmente empreendi a implantação da educação à distância. Na época, não havia internet, então usamos o sistema de videocassete. E assim criamos o Telecurso Primeiro Grau e Telecurso Segundo Grau com a Rede Globo e o INEP, órgão do MEC”, conta ele.  

 

Bandeira prosseguiu sua carreira no Executivo Federal quando o governo seguinte, do primeiro eleito após a ditadura militar, Fernando Collor, o levou para a Subsecretaria de Governo da Presidência da República. Pouco tempo depois, após o impeachment de Collor, o então novo presidente Itamar Franco manteve-o como Subchefe da Casa Civil. 

Suas passagens por altos cargos do governo federal o tornaram conhecido e respeitado em Brasília. Assim, e em função do restabelecimento da rotina de eleições no país, Luiz Bandeira foi convidado pelo Governo do Distrito Federal para ocupar sua Secretaria de Planejamento.  Entre 1998 e 2002, e depois entre 2007 e 2010, Bandeira chegou a ser também no GDF secretário de Trabalho, Ciência e Tecnologia, e de Habitação. 

Hoje, do alto de uma vitoriosa carreira no Estado e com passagens recentes pela iniciativa privada, o sempre ativo Luiz Bandeira percebe seu legado como funcionário público de uma forma que ele classifica como holística. 

“Minha maior contribuição para o país foi a compreensão de que deveríamos valorizar a escola pública, que deveríamos introduzir a tecnologia na educação, e aí vem o EAD com os telecursos. E que nós pudéssemos de forma muito transparente dar qualidade ao gasto público”, ele afirma. 

Mas não deixa de enviar um recado aos jovens profissionais de planejamento e orçamento, a respeito do que ele considera ser o principal fator para que estes deixem uma contribuição relevante no serviço público. 

“Eu diria que é muito importante que o APO não tome a descrição de uma po

litica pública sem antes fazer um estudo de sua maturação. Porque as pessoas jogam o discurso como política pública e muitas vezes não olham a característica da efetividade. Por que muitas pessoas consideram que fui um cara de destaque no setor público? Porque nunca pensei dentro da caixinha. Sempre tive um olhar ma

is holístico. Uma vez fui convocado pelo TCU. Eles chamaram para eu explicar porque havia financiado um poço semi artesiano numa escola, já que isso não estaria na função educacional. Eu

 disse: por uma razão simples, sem água a criança não vai a escola. Por falta de um sistema de distribuição de água, tive que cavar o poço para dar água para as crianças”, ele conta.

“Qual é a essência da administração pública? Fazer tudo que possa dar garantias ao cidadão”. E assim de forma holística e simples, Luiz Bandeira conta sua história para as novas gerações.