Renan atropela discussão para acelerar PEC e bate boca com senador

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De volta à presidência do Senado após decisão do Supremo Tribunal Federal em seu favor, Renan Calheiros (PMDB­AL) se mostrou disposto a cumprir o calendário estabelecido para as votações da Casa até o fim do ano, em especial da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que institui teto para os gastos da União. Tendo marcado sessões extraordinárias para hoje, amanhã e segunda­feira para discutir e contar prazos da PEC, a fim de votá­la na terça, Renan rejeitou recurso da oposição para que a proposta só fosse apreciada em sessões ordinárias, o que atrasaria o cronograma. A oposição recorreu, o recurso foi votado pelo plenário e Renan obteve nova vitória: 48 a 12. A oposição alega que a contagem de sessões extraordinárias quebra o acordo firmado anteriormente. Renan alega que são os opositores que rompem o pacto, pois as datas já estavam estabelecidas. “O senhor está rasgando o regimento. Não faço mais acordo com vossa excelência nesses termos. Vossa excelência tem que entregar a mercadoria agora, a PEC 55”, acusou Lindbergh, deixando implícito que Renan teria sido salvo pelo Supremo para votar a agenda do governo. “Mercadoria vossa excelência já entregou, quando fez aliança tácita com Ronaldo Caiado (DEM­GO)”, devolveu Renan, da cadeira de presidente. O petista e o senador do DEM se opuseram a Renan quando ele, a partir da Mesa do Senado, afrontou a liminar do Supremo e se manteve na presidência da Casa. “Eu não tenho acordo tácito com quem não falo. Meus acordos são à luz do dia. Não tem acordo subterrâneo”, apressou­se em ir aos microfones Caiado. Após a votação do requerimento, Renan resolveu ‘atropelar’ de vez a oposição: não deu a palavra a ninguém para discutir a PEC e já chamou o item seguinte da pauta: a proposta que permite aos entes públicos a venda de créditos a instituições financeiras – a chamada securitização das dívidas.