Meirelles adia para amanhã anúncio da equipe

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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, adiou para amanhã o anúncio dos integrantes de sua equipe, além do nome do novo presidente do Banco Central (BC). Ao realizar os convites, inovou ao não definir, com exceção de Tarcísio Godoy, que vai assumir a secretaria­executiva da Fazenda, e de Ilan Goldfajn, que presidirá o Banco Central, os cargos que cada um ocupará. Além de Godoy e Goldfajn, estão confirmados, segundo apurou o Valor, Carlos Hamilton, ex­diretor do BC e atualmente executivo do grupo J&F, holding controladora da JBS; Marcos Mendes, consultor do Senado e especialista em contas públicas; e Mansueto Almeida, consultor e funcionário licenciado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Jorge Rachid, atual secretário da Receita Federal, permanecerá na função. No fim de semana, Meirelles tratou das indicações com o presidente interino, Michel Temer. Hoje, o ministro Henrique Meirelles participará de reuniões em Brasília com Temer, com representantes das centrais sindicais e com o atual presidente do BC, Alexandre Tombini. O anúncio da nova equipe será feito amanhã de manhã. Originalmente, o anúncio ocorreria hoje à tarde. Mendes confirmou no sábado, por meio da rede social Facebook, que será assessor do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, mas não revelou o cargo. Segundo o post, ele já está trabalhando. “Todos sabem que os desafios são enormes. Seria mais fácil ficar fora, mas acho que é hora de ajudar”, disse o integrante da nova equipe econômica. Ao formar a equipe e não definir os cargos, Meirelles quer sinalizar à sociedade e aos mercados que o importante é ter uma equipe forte, técnica, com cada um dos integrantes podendo ocupar qualquer um dos cargos da Fazenda. Todos os convidados são originários do setor público. O novo ministro da Fazenda deixará claro, durante o anúncio de sua equipe, que a situação das contas públicas é bem pior que a esperada. Além disso, mostrará que há espaço para a adoção de medidas administrativas para enfrentar a crise, mas que a maior parte do ajuste dependerá de medidas a serem aprovadas pelo Congresso Nacional. “O sucesso do ajuste fiscal e do plano econômico não dependem dos nomes que estão sendo escolhidos para a equipe econômica. Tem algumas medidas administrativas que podem ser adotadas, com certeza, mas todo o resto dependerá das propostas que serão apresentadas ao Congresso Nacional”, disse uma fonte graduada da nova equipe econômica. “O buraco [nas contas públicas] é muito maior do que se esperava.” A primeira ação da nova equipe econômica, informou um assessor, será explicitar a situação crítica das contas de forma “muito clara”, tanto para a classe política quanto para a sociedade. “É preciso mostrar que a situação encontrada é do governo anterior”, observou um integrante da equipe que será anunciada hoje. Nas últimas duas semanas, Meirelles recebeu vários estudos sobre a situação econômica do país. As contribuições vieram tanto de instituições estatais quanto do setor privado. Os diagnósticos o deixaram impressionado com o que considera um “descalabro”. A ideia é começar a enfrentar o problema

Nos últimos dias, os futuros assessores começaram a trabalhar em medidas que serão anunciadas nesta semana. O plano é evitar inicialmente a elevação e a criação de impostos. A alternativa é rever uma série de benefícios tributários concedidos pelo governo Dilma Rousseff em seu primeiro mandato (2011­2014) Já houve a retirada de algumas desonerações, mas ainda há o que fazer. “Não há condições de aumentar impostos, mas tem como reverter alguns benefícios”, disse um assessor. Ontem, em entrevista ao programa “Fantástico”, da Rede Globo, Meirelles disse que é preciso controlar as despesas, especialmente as não necessárias. Ele ressaltou, contudo, que ao, se referir às necessidades de controle dos gastos públicos, não está falando dos programas sociais. Segundo ele, serão alvo de controle aumentos salariais de “determinados tipos de funcionários”. Para Meirelles, o problema do Brasil está na confiança. “Temos que entender o que causou o aumento do desemprego. Empresas estão vendendo menos, produzindo menos e, portanto, demitindo”, afirmou. “Temos que fazer com que a economia volte a andar, com que a produção aumente, as vendas aumentem e, em função disso, as empresas contratem”. Meirelles voltou a dizer que o país tem pressa. “Temos pressa”, ressaltou na entrevista à Rede Globo. “Mas para isso temos que tomar medidas fortes”, disse, dando como exemplo a questão das finanças públicas. Questionado se a taxa de desemprego, que segundo a PNAD Contínua, do IBGE, em abril estava em 10,9% (11 milhões de pessoas), continuará aumentando, Meirelles disse: “Imagine um ônibus que vinha acelerando e resolve frear. Ele ainda anda um pouco. O importante é as pessoas sentirem que vai parar”. O corte de despesas do governo ajuda a conter a inflação, explicou o ministro. “Na medida em que o governo gasta menos, isso injeta menos dinheiro para alimentar a inflação”, disse.