Especialistas defendem melhorias nos concursos
O ingresso em um emprego mediante concurso público é a ambição de muitas pessoas. Estabilidade na carreira e o alto salário são fatores que estimulam cada vez mais a participação dos brasileiros. No segundo debate da 4ª Conferência Nacional das Carreiras Típicas de Estado, os especialistas discutiram sobre a realização de concursos públicos e a qualificação permanente dos servidores.
Fernando de Castro Fontainha, pesquisador do Centro de Justiça e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas Direito (RJ), criticou a ausência de elo entre as seleções e a qualidade do serviço público, na tocante a seleção acadêmica e a profissional. “Os concursos no Brasil são feitos por concurseiros, são pessoas habilitadas para fazer provas de concurso. Há treinamentos para as provas orais e técnicas de chute, para provas de múltipla escolha. Hoje é um mercado bilionário. As seleções não exigem experiência em atendimento público, sendo que muitas funções vão lidar com pessoas com baixa escolaridade e com alta demanda social. A excelência dos serviços consiste em atender público”, disse.
Para o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília, Alexandre Veronese, concurso e seleção foram generalizados como uma “instituição necessária e um instrumento de concorrência pública”. Porém, ele defendeu a necessidade de ser estabelecido um padrão mínimo de igualdade nos modelos ou submodelos administrativos e no investimento da qualificação permanente dos servidores.
“Nosso grande dilema é conseguir construir modelos ou submodelos administrativos de forma clara e democrática e pensar em novas possibilidades não só para o concurso público, mas na qualificação permanente. Devemos ter o pensamento de que a formação e o aperfeiçoamento são contínuos. É necessário que as escolas de governo pensem em modelos junto às universidades para conectar o concurso público com a qualificação necessária, no âmbito federal, municipal e nos três poderes”, explicou.
Impessoalidade e qualificação permanente também foram defendidos pelo jurista, professor e presidente do Instituto Brasileiro de Altos Estudos de Direito Público, Juarez Freitas. Para ele, o concurso é uma etapa republicana importante, mas não a última. “Gosto da ideia da capacitação contínua e do florescimento de habilidades. Não conseguimos ainda desenvolver técnicas de avaliação sócio cognitivas. É preciso inovação. Sou favorável ao tele trabalho. É importante criar, aferir a produtividade à distância. Reflexão profunda sobre a gestão de pessoas. Quero gente que goste de gente, de inclusão, de desenvolvimento a longo prazo, de verificar se as políticas públicas estão eficientes e eficazes. Eficiência subordinada à eficácia, num ambiente cujo profissional não seja contaminado pelo negativismo.