Baixo crescimento econômico e inflação elevada são as pautas após a Copa

104

A saída da Seleção brasileira da disputa pela Copa do Mundo, após a humilhante derrota para a Alemanha, colocará novamente em evidência as mazelas econômicas vividas pelo país, como a baixa taxa de crescimento e a inflação elevada — um cenário desfavorável para as pretensões da presidente Dilma Rousseff de conseguir um novo mandato nas eleições de outubro. Para o economista-chefe da consultoria britânica Capital Economics, Neil Shearing, a carestia, que acumulou variação anual de 6,52% até junho, rompendo o teto da meta do governo, será o fiel da balança no pleito. Se ela continuar alta, aumentam as chances de Dilma não conseguir se reeleger.

“Após a queda acentuada da popularidade no início do ano, o sucesso da presidente dependerá da capacidade dela de atrair o apoio dos eleitores indecisos. “E isso não será ajudado em nada pelo aumento da inflação dos últimos meses”, destacou Shearing. Entre outros fatores, os preços têm sido pressionados pela alta das cotações do dólar. Ontem, no entanto, a moeda norte-americana ficou estável. Num mercado esvaziado pelo feriado da Revolução Constitucionalista, em São Paulo, a divisa ficou estável, cotada a R$ 2,212 para a venda.

Para o diário britânico Financial Times (FT), um dos mais influentes periódicos de economia do mundo, o duro revés da equipe brasileira marca, simbolicamente, o fim do período de boom econômico que o país viveu nos últimos anos. Em matéria publicada na edição de ontem, o jornal diz que, em termos estritamente esportivos, a derrota mostra que o futebol brasileiro foi ultrapassado, em termos táticos, por nações europeias, a exemplo da própria Alemanha. Num plano mais geral, é um sinal de que o país deve passar por mudanças também em outros campos, como na economia.