Dilma formaliza convite a Chioro

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Autor(es): PAULO DE TARSO LYRA JOÃO VALADARES

A exemplo de Aloizio Mercadante, que há dois dias passa mais tempo na Casa Civil do que no Ministério da Educação, cargo que ainda ocupa na Esplanada dos Ministérios, o secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP), Arthur Chioro, teve ontem um dia de ministro. Convidado oficialmente para ser o sucessor de Alexandre Padilha após uma conversa com a presidente Dilma Rousseff, às 9h30, Chioro almoçou com o atual titular da pasta e se encontrou novamente com a presidente no fim da tarde, no Palácio da Alvorada.

Mesmo tomando posse apenas no início de fevereiro, Chioro integrará, ao lado de Padilha, a comitiva presidencial que viaja a Cuba nos próximos dias, quando serão realizados encontros com os governantes locais para aprofundar o Programa Mais Médicos, principal marca do primeiro mandato de Dilma e que será usado como bandeira eleitoral na disputa presidencial de outubro. Até março, devem desembarcar cerca de 5 mil profissionais cubanos no Brasil.

O Correio mostrou ontem que Chioro está sob investigação do Ministério Público de São Paulo por ser dono de uma empresa — a Consaúde Consultoria LTDA. — que prestava consultoria para outras prefeituras petistas, como Ubatuba (SP) e Botucatu (SP). A Lei Orgânica de São Bernardo do Campo (SP), onde Chioro ainda dá expediente, proíbe que secretários municipais sejam donos de empresas que mantenham contratos com entes públicos.

Pelo menos por enquanto, a investigação não foi um impeditivo para que Chioro se torne ministro após o retorno de Dilma de Cuba. Ele comandará um gigantesco orçamento de R$ 106 bilhões previstos este ano e conduzirá o Programa Mais Médicos — Padilha, pré-candidato ao governo de São Paulo, também deve surfar nessa onda. O atual ministro vai se desincompatibilizar em fevereiro e uma enorme caravana está sendo montada pelo PT paulista para que ele percorra o estado na tentativa de se tornar mais conhecido entre a militância e o eleitorado.

Transição
Chioro e Padilha almoçaram ontem e acertaram um calendário de transição na pasta. Ficou definido que a responsável por esse período será a atual secretária executiva do Ministério da Saúde, Márcia Bassit. Estava prevista, ontem, uma reunião de Padilha com os diretores da pasta para explicar os passos da transição.

Padilha também deve ter uma conversa em separado com Mozart Salles, secretário de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, para tentar convencê-lo a permanecer no ministério. Ele pretende se candidatar a deputado federal em outubro. Ontem, Mozart participou de uma solenidade no Recife ao lado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O presidenciável do PSB ficou surpreso ao saber que Dilma teria escolhido outro nome para o Ministério da Saúde em vez de Mozart, cotado anteriormente. Ao término da solenidade, os dois conversaram, a sós, por cerca de cinco minutos.

Incomodados com as especulações de que Chioro tinha sido apadrinhado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliados de Dilma se apressaram a dizer que o nome do secretário de Saúde de São Bernardo do Campo já estava nos planos da presidente desde que ela conheceu o trabalho realizado por ele no município paulista. Essa, inclusive, não será a primeira vez que Chioro estará na Esplanada dos Ministérios. No tempo em que o atual senador Humberto Costa (PT-PE) era ministro, Chioro foi diretor do Departamento de Atenção Especializada e trabalhou na implantação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

Enquanto a transição na Saúde está sendo articulada, na Casa Civil, Aloizio Mercadante trabalha intensamente para tomar pé da pasta — as férias de Gleisi Hoffmann terminam amanhã, e a mudança de comando será acelerada. A troca no ministério tem provocado reações emotivas: algumas servidoras teriam chorado pela saída de Gleisi. “Pela saída, não pela chegada do Mercadante”, brincou um integrante do primeiro escalão.

Para o lugar de Mercadante, está acertada a promoção do atual secretário executivo da Educação, Henrique Paim. “Como o Mercadante já se preocupava e tomava a frente de outras questões políticas, muitas ações do ministério já vinham sendo conduzidas diretamente por Paim”, alfinetou um petista. Na Educação, a transição será mais tranquila. Paim não deve promover grandes mudanças na equipe, mas precisa saber quem Mercadante levará com ele para a Casa Civil.

Colaborou Julia Chaib

Reformulação ministerial
Confira os ministros que devem deixar as respectivas pastas até o fim do mês e não tiveram o sucessor definido por Dilma

Aguinaldo Ribeiro
Ministério das Cidades

Antônio Andrade
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Antônio Henrique
Secretaria de Portos

Fernando Pimentel
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Francisco Teixeira
Ministério da Integração Nacional

Gastão Vieira
Ministério do Turismo

Marcelo Crivella
Ministério da Pesca e Aquicultura

Maria do Rosário
Secretaria dos Direitos Humanos

Pepe Vargas
Ministério do Desenvolvimento Agrário

 

 

Genro tem direitos políticos suspensos
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), teve os direitos políticos suspensos por cinco ano em uma ação de improbidade administrativa referente ao período em que ele foi prefeito de Porto Alegre. O processo aponta irregularidades em contratações temporárias. Em nota, Genro disse que o questionamento se refere apenas à contratação de um radiologista e que a prefeitura, na época, não tinha concursados para o cargo. A condenação é em primeira instância e cabe recurso.