Após reunião com Dilma, Renan desiste de votar projeto para BC
Autor(es): Débora Álvares
Após criar um clima tenso com o Palácio do Planalto na última semana ao insistir em colocar em votação a proposta que fixa mandatos para diretores do Banco Central (BC), o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), desistiu da ideia após uma reunião ontem com a presidente Dilma Rousseff. Ele disse que recuou por causa das resistências do governo e da oposição ao projeto que, em sua visão, “parecia maduro”.
“Os governos são contra a regulamentação. A oposição também. Então isso, na verdade, interditou o debate que parecia amadurecido e, evidentemente, pelas posições assumidas, não está”, disse, após mais de duas horas de reunião com apresidente.
Renan argumentou que decidiu pautar a proposta devido à necessidade de regulamentar o artigo da Constituição Federal que trata do Sistema Financeiro e do Banco Central. “Nós temos uma comissão que está regulamentando a Constituição Federal. Um dos artigos que precisa ser regulamentado é o artigo 152, que trata do Sistema Financeiro e do Banco Central”, disse o presidente do Senado.
Política. Renan, contudo, assegurou que o proj eto nem sequer foi mencionado no encontro com a presidente Dilma. Ao retornar para o Senado, ele defendeu a aliança do PMDB com o PT, que qualificou como “excepcional”, e disse que política foi o assunto da reunião.
Segundo seus interlocutores, a ameaça de votara proposta do BC foi uma forma de pressionar o Planalto a abrir negociações sobre questões de seu interesse. Em especial, das relaçoes entre PT e PMDB nos pai Ianques estaduais e a condução I do senador Vital do Rego Filho (PMDB-PB) ao Ministério da Integração Nacional Mas Renan também negou que reforma ministerial tenha sido um dos assuntos da reunião. “Não tratei nada de governo, de indicação de reforma, não seria o caso. A presidente, no momento que entender que vai conversar sobre isso com os partidos, ela vai conversar, mas ela tem um calendário próprio na cabeça A.
Ele disse que a presidente continua preocupada com a política fiscal do País, mas não destacou nenhum pedido específico sobre votações no Congresso.
Segundo Renan, o Senado terá “uma semana gorda”. Hoje os senadores devem apreciar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento impositivo. Para amanhã estão previstas a votação da PEC do voto aberto e a da troca do indexador das dívidas estaduais.