Eduardo e Marina criticam ações de Dilma
Presidenciável do PSB diz que o programa Mais Médicos é reflexo da falta de planejamento do governo e ex-senadora vê oportunismo na pauta agroecológica da petista
Considerado pela presidente Dilma Rousseff como alternativa para resolver parte dos problemas de saúde pública do país, o programa Mais Médicos foi criticado ontem pelo governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos. Provável candidato à Presidência de República nas eleições de 2014, ele afirmou que “se o Brasil hoje importa médicos, é porque ontem não viu a necessidade de organizar um planejamento estratégico na formação de recursos humanos para assistir os brasileiros do sertão, do Pantanal, da Amazônia e das fronteiras com o Uruguai”.
A declaração foi dada durante discurso no 51º Congresso Brasileiro de Educação Médica (Cobem), no Centro de Convenções de Pernambuco, no Recife, para cerca de 2 mil professores e estudantes de Medicina de todo o país. Antigo aliado do governo federal, Campos disse que “nós precisamos reconhecer publicamente que o Brasil falhou no planejamento da formação de pessoas para uma área essencial à expressão da cidadania brasileira”. De acordo com o governador, o país tem que adotar um planejamento estratégico para “vencer os gargalos e consolidar, efetivamente, no Brasil o Sistema Único de Saúde (SUS) como um direito da cidadania brasileira”.
Pauta ecológica
A ex-ministra do Meio Ambiente e ex-senadora Marina Silva, recém-filiada ao PSB, também questionou políticas do governo federal. Essas, direcionadas ao meio ambiente. A ex-senadora divulgou um texto na internet dizendo que “a forte incidência da agenda da sustentabilidade no cenário político levou a presidente Dilma a anunciar, na quinta-feira (17 de outubro), o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica”. Segundo Marina, o projeto foi criado em 2012, quando a própria presidente assinou decreto para que fosse executado. “Até agora, estava engavetado”, afirmou.
Marina ressaltou que, desde 2003, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, o país conta com uma lei sobre a produção orgânica. Porém, uma década após a promulgação da norma, segundo ela, o plano surge com metas tímidas, como a de 5% de compras obrigatórias para o Programa da Aquisição de Alimentos (PAA), o equivalente a R$ 138 milhões. Marina acredita que a atual postura de Dilma tem relação com a disputa presidencial do próximo ano. “Não é por mera coincidência que, um ano antes da eleição, a mesma Dilma que promulgou as mudanças no Código Florestal que favorecem o desmatamento tenha incorporado o desenvolvimento sustentável ao discurso”, escreveu.
Lula fala em corrupção do PT
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o crescimento do PT e a sua chegada ao poder fizeram o partido ter defeitos, como a ambição por cargos públicos e a corrupção. Em entrevista publicada ontem pelo jornal espanhol El País, Lula afirmou que a legenda, porém, é a mais importante agremiação de esquerda na América Latina. Apesar de reconhecer erros no PT, o ex-presidente avalia que os acusados no julgamento do mensalão foram previamente condenados pela imprensa. Ele disse ainda que as manifestações populares nas ruas são “saudáveis” para o país.
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“Não é por mera coincidência que, um ano antes da eleição, Dilma tenha incorporado o desenvolvimento sustentável ao discurso”