Ministra critica ações violentas da polícia

169

A ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, e três integrantes do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) virão ao Rio, nos próximos dias, para cobrar do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, uma mudança na forma como a polícia vem lidando com os manifestantes. O conselho convidará o Ministério da Justiça para integrar o grupo na reunião com Beltrame. Maria do Rosário ficou especialmente chocada com a violência contra professores esta semana.

— Nada justifica as ações violentas da polícia contra os professores. Diálogo e respeito constroem soluções entre governos e sociedade na democracia. Estou preocupada com a crescente banalização do uso de armamento não letal pela polícia — disse ela em reunião do CDDPH.

O grupo vai cobrar que sejam tiradas do papel três recomendações do CDDPH, A primeira, aprovada em dezembro de 2012, propõe a abolição do termo “”auto de resistência” para se referir a homicídios praticados por policiais. As outras duas foram aprovadas em junho passado: uma para regulamentar o uso de armamento menos letal e outra que lista procedimentos que devem guiar a atuação da polícia em manifestações públicas.

— Não é admissível que haja violência contra professor — criticou o advogado Tarciso Dal Maso, um dos integrantes do grupo que virá ao estado.

A falta de treinamento, o estresse e a incapacidade de lidar com provocações e xingamentos têm levado PMs, segundo especialistas, a agirem com violência durante as manifestações no Rio. Para pesquisadores, a entrada no cenário dos protestos de um novo elemento — o grupo Black Blocs — deixou ainda mais evidente a incapacidade da polícia de conter os conflitos.

Segundo o o professor Expedito Carlos Stephani Bastos, pesquisador de assuntos militares da Universidade Federal de Juiz de Fora, a PM não está preparada para lidar com as manifestações.

— A nossa polícia é repressiva e treinada para lidar com o narcotráfico e outros crimes. O problema é quando ela usa a mesma doutrina para todas as situações. Um exemplo é que a área de inteligência não consegue identificar e prender os baderneiros.

Para Eurico Figueiredo, professor de pós-graduação em ciências políticas da UFF, o poder público não está sabendo separar “o joio do trigo”:

— O joio, no caso, são os black blocs.

Sobre a participação dos black blocs, os especialistas consideraram que os professores erraram ao aceitar a adesão do grupo.