BC muda discurso e vê queda de pressão de gasto público sobre inflação

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Autor(es): Céiia Froufe Eduardo Cucolo

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, aponta uma mudança na visão do Banco Central (BC) sobre os gastos públicos. Foram retiradas as menções de que a condução da política fiscal do governo é “expansio-nista”, e o BC diz agora que foram criadas condições para que o setor público caminhe em direção a uma “zona de neutralidade”.

O tema da política fiscal era motivo de tensão entre o BC e o Ministério da Fazenda. Enquanto o BC usava o “expansionismo” dos gastos como uma das justificativas para o aumento recente dos juros, a Fazenda discordava dessa análise. A mudança se dá após o anúncio de um corte adicional de R$ 10 bilhões do Orçamento deste ano e da apresentação do projeto orçamentário para o próximo ano, c seria o primeiro sinal do fim do atual ciclo de alta dos juros. Na semana passada, a taxa Selic foi elevada para 9% ao ano.

Á nova interpretação, porém, deixou o mercado confuso.”Para o economista-chefe do ítaú Unibanco, Ilan Goldfajn, a mudança pode indicar que uma alta adicional de juros para equilibrar as pressões inflacionárias não é muito grande – 011 seja, sem a política fiscal expansio-nista, não será necessário um aperto monetário tão forte.

Já para o codiretor de pesqui-. sas para América Latina do Banco Barciays, Marcelo Salomon, o BC espera que a política fiscal exerça seu papel para conter a inflação. “Contudo, caso isso não ocorra, poderia gerar um movimento de alta de juros mais prolongado”, disse.

Inflação. O documento aponta também que a alta da inflação continuará a ser um desafio para o Banco Central até 2015, primeiro ano do próximo governo. A instituição projeta que o IPCA seguirá acima do centro da meta de 4,5% até o segundo trimestre daquele ano. Nos últimos 12 meses terminados em julho, a inflação acumulada estava em 6,27%

A avaliação do comitê é de que o ritmo de alta dos juros praticado até o momento tem sido “apropriado”, o que abre portas para expectativas de novas elevações de 0,5 ponto porcentual da taxa Selic. A ata destacou também que o aumento dos ín-; dices de preços ao consumidor nos últimos doze meses contribui para que a inflação mostre resistência.

A ata frustrou o mercado ao não trazer uma nova perspectiva para o aumento dos preços da gasolina. Foi mantida a projeção de reajuste de 5% para este ano .Já para o gás, o Copom colocou nas contas uma elevação de 2,5%. Se, por um lado diminuiu o alívio com a percepção de redução de preços de telefonia fixa, que era de 2% para este ano e passou para 1%, por outro aumentou a previsão de que a energia elétrica terá um recuo de 16%, e não mais de 15% em 2013, como era esperado antes.