Orçamento de 2014 terá um PIB menor
Autor(es): PAULO SILVA PINTO
O governo pretende reduzir de 4,5% para algo entre 2,5% e 3% a projeção de crescimento econômico no próximo ano, a ser usada no projeto de Orçamento da União. Com uma expectativa mais realista, o Palácio do Planalto tentará recuperar parte da confiança perdida em relação à política econômica. A falta de credibilidade está minando os investimentos produtivos e o consumo das famílias.
A perspectiva de 4,5% faz parte do relatório da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que está em discussão no Congresso, e é usada como parâmetro para o Orçamento. A meta do governo é aproximar a estimativa de crescimento à prevista no relatório Focus, preparado, semanalmente, pelo Banco Central, com base em pesquisas realizadas com quase 100 especialistas.
A decisão de reduzir o parâmetro a ser usado para o crescimento de 2014 foi tomada ontem em reunião da Junta Orçamentária, que reúne a presidente Dilma Rousseff, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e as ministras do Planejamento, Miriam Belchior, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. O governo se deu conta de que não dá mais para brincar com as contas públicas, hoje sem qualquer transparência.
Para os analistas o esforço de realismo é benvindo, mas ainda insuficiente para restaurar a credibilidade, sobretudo quanto ao controle da inflação. O economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank (BES), Jankiel Santos, alertou para o fato de o governo só ter cumprido a meta de superavit primário (sobra para o pagamento de juros), de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), por meio de artifícios contábeis.
“Adotar premissas mais realistas é algo positivo. Mas o que todo mundo quer saber é de corte de gastos. Não há uma política crível de redução de despesas por parte do governo”, alertou Santos. Ele explicou que, em um momento de demanda ainda elevada, seria necessário reduzir o consumo do governo para conter a pressão sobre os preços. Do contrário, será necessário elevar ainda mais os juros, o que reduz o crescimento e eleva o desemprego.
Eleições
No próximo ano, há uma inquietação extra: as eleições. Segundo o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os gastos do governo cresceram em torno de 14% em 2002, 2006 e 2010, anos de eleições, em relação aos exercícios anteriores. “Em 2014, tende a ser pior ainda, porque a presidente Dilma Rousseff pretende recuperar o apoio da base parlamentar”, argumentou.