Dívida pública atinge R$ 2 tri

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Enquanto o governo se debatia para definir cortes no Orçamento, o Tesouro Nacional realizou duas operações no sentido oposto ao das promessas de arrocho fiscal feitas pela equipe econômica. Um mês antes do decreto de contingenciamento ser anunciado, a instituição captou R$ 23 bilhões no mercado e injetou no Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) e na Caixa Econômica Federal. Esse aporte, apesar de necessário para garantir empréstimos mais baratos, é exatamente o que os ministérios da Fazenda e do Planejamento prometeram vetar: expansão de crédito subsidiado. Na prática, essa injeção de dinheiro também vai provocar pressão adicional sobre a inflação.

Apenas no mês passado, as emissões do Tesouro foram de R$ 61,47 bilhões. Desse total, R$ 15 bilhões ficaram no BNDES e R$ 8 bilhões na Caixa, que usou o dinheiro para garantir a execução do Minha Casa Melhor — programa de financiamento de móveis e eletrodomésticos com juros reais negativos. Na prática, isso significa que o governo captou recursos no mercado a taxas mais altas do que a cobrada das famílias. Com as emissões para turbinar os bancos públicos, a dívida pública cresceu 2,6% entre junho e maio, e ficou próxima de R$ 2 trilhões.

“Foram R$ 23 bilhões para o BNDES e para a Caixa, emissões diretas para aumentar o capital dessas instituições”, disse Fernando Garrido, coordenador-geral de Operações da Dívida Pública. Com essa operação, a despesa de juros (da dívida interna) do governo cresceu. Em junho, ela ficou em R$ 15 bilhões, volume 9,40% maior que o registrado em igual mês de 2012. O Tesouro também divulgou ontem que fez em junho uma antecipação de pagamento da dívida contratual externa com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), quitou R$ 5,03 bilhões.

Segundo Garrido, “o pré-pagamento da dívida teve como objetivo abrir espaço na carteira do BID para a concessão de novos empréstimos ao Brasil”. Ele explicou que o principal objetivo desse adiantamento foi abrir margem para que estados e municípios pudessem tomar recursos para investir em infraestrutura.

Garrido informou ainda que o fim do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para investidores estrangeiros trouxe mais capital externo para o Brasil. Em junho, a participação deles na dívida interna cresceu R$ 10 bilhões e chegou a R$ 275,2 bilhões, o equivalente a 14,52% do total de títulos em poder do mercado.