Mantega reduz de 3,5% para 3% a projeção de alta do PIB
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou ontem que a estimativa oficial de crescimento da economia foi atualizada para 3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de produtos e serviços produzidos) em 2013, uma queda em relação à previsão de 3,5% contida na última avaliação bimestral da execução orçamentária. O valor teve que ser revisado devido ao fraco desempenho da atividade até agora, mas o governo já trabalha com expectativa menor ainda nos bastidores. Os técnicos estimam que o número ficará em torno de 2,5%. Já o mercado aponta crescimento em torno de 2,28%.
A estimativa está sendo oficializada no relatório bimestral enviado ao Congresso sobre o comportamento da arrecadação e do orçamento. O ministro, porém, não descartou novas revisões.
– Não podemos mudar de PIB como trocamos de roupa – disse Mantega, bem humorado e acrescentando – Vivemos numa era de incertezas onde os PIBs estão sendo revisados a todos momento .
Mantega ainda comentou as previsões do mercado, que chegam a apontar um crescimento de apenas 2,28% a 2,3% do PIB. Ele lembrou que há sempre muitas variáveis a serem contabilizadas.
– Não fazemos previsão de PIB para efeito econômico e sim para efeito orçamentário. Por isso, podemos ter atrasos em relação ao que o mercado está olhando – disse Mantega.
O governo vem reduzindo as estimativas ao longo do ano. Num cenário otimista, o Orçamento da União de 2013 foi aprovado com uma previsão de crescimento de 4,5% do PIB. Depois, em maio, quando houve o anúncio do primeiro corte de R$ 28 bilhões nas despesas, a previsão caiu para 3,5% do PIB. Agora baixou ainda mais: para 3% do PIB. Mantega fez questão de dizer que o governo conseguiu conter a alta da inflação.
O ministro destacou que há um cenário internacional adverso e que as economias estão em crise, “inclusive a brasileira”. Ele disse que a situação foi agravada pela decisão do governo americano de reduzir os estímulos monetários, que tira capitais das economias emergentes.
Na pesquisa semanal Focus, divulgada ontem pelo Banco Central, os especialistas pioraram as expectativas para o crescimento econômico não apenas para este ano, mas também para 2014. A perspectiva para 2013 caiu de 2,31% para 2,28%. Foi a décima vez seguida que a previsão registrou queda. Já para o ano que vem, a projeção passou de 2,8% para 2,6%.
Projeção para o IPCA diminui
A projeção para o IPCA caiu, pela terceira semana seguida, de 5,8% para 5,75%. A estimativa para a inflação em 2014 cedeu, passou de 5,9% para 5,87%.
Os economistas ressaltam, porém, que há um novo grande risco para a inflação: a alta do dólar. A previsão para a cotação da moeda americana não pára de subir. De acordo com a pesquisa da BC, a projeção para o fechamento no fim do ano subiu de R$ 2,20 para R$ 2,24. Há um mês, essa perspectiva era de R$ 2,13.
Outro indicador importante, a balança comercial, voltou a entrar no azul e teve superávit de US$ 558 milhões na semana passada. Com isso, o resultado de julho, que estava negativo até a segunda semana do mês, chegou a US$ 137 milhões. No entanto, com aumento das importações em ritmo bem mais acelerado que o das exportações, a balança está com déficit de US$ 2,955 bilhões no acumulado do ano, contra um saldo de US$ 8,5 bilhões no mesmo período de 2012. Desde janeiro, as exportações totalizam US$ 128,8 bilhões e as importações, US$ 131,7 bilhões.
Na semana passada, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) mudou radicalmente a estimativa para o fechamento deste ano. A entidade, que há sete meses previa um superávit de US$ 14,6 bilhões para este ano, agora aposta num déficit de US$ 2 bilhões. Já os economistas ouvidos pela pesquisa Focus reduziram ontem a previsão de superávit, de US$ 6 bilhões para US$ 5,85 bilhões.