Centrais sindicais peregrinam na Esplanada

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Autor(es): ÉTORE MEDEIROS e VERA BATISTA

Correio Braziliense – 07/03/2013

 

 

Enquanto a Esplanada dos Ministérios estava tomada pela 7ª Marcha das Centrais Sindicais e dos Movimentos Sociais, líderes de seis grandes sindicatos iniciaram uma peregrinação política pelos três poderes da República. Compuseram a comitiva representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) e Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB).

Para Ricardo Patah, presidente da UGT, o movimento só foi possível porque 2013 não é ano eleitoral. “O momento é propício, é de união. Conseguimos articular em conjunto algumas demandas históricas, coisas de 10, 15 anos atrás”, comemorou. Na pauta de reivindicações estavam o fim do fator previdenciário, a valorização dos aposentados, a jornada de trabalho de 40 horas semanais sem redução de salários, a destinação de 10% do Produto Interno Bruto para a educação e de 10% do Orçamento da União para a Saúde.

A primeira parada da comitiva foi no gabinete da presidência do Senado Federal. O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) ouviu os sindicalistas por 15 minutos e ressaltou que algumas questões, como o fim do fator previdenciário, já haviam passado pela Casa e estavam sob o cuidado da Câmara dos Deputados. No Supremo Tribunal Federal (STF), foi a vez de o presidente Joaquim Barbosa receber o grupo. “É a primeira vez que um presidente do Supremo recebe uma pauta dos trabalhadores”, ressaltou o presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira (PDT).

De volta ao Congresso Nacional, os líderes sindicais estiveram com o presidente da Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). No rápido encontro, de menos de 10 minutos, Alves se comprometeu a conversar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para cobrar alternativas ao fim do fator previdenciário. Fechando o dia, foi a vez de a presidente Dilma Rousseff receber a pauta dos sindicatos. Nos bastidores, existe a expectativa de que ela prepare uma medida de impacto para apresentar na celebração do Dia do Trabalhador, 1º de maio.

Apesar da pressão das Centrais Sindicais, o governo não vai admitir o fim do fator previdenciário, que mudou a fórmula matemática da aposentadoria, levando em consideração a expectativa de vida para cada faixa etária. “Extinção simplesmente não é possível. O que podemos fazer é negociar algo que não venha a representar despesas e que não prejudique a sustentabilidade da Previdência”, destacou o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves.

O ministro negou, por outro lado, que seja intenção da presidente Dilma Rousseff aumentar mais o tempo do trabalhador na ativa. O fator previdenciário causa polêmica, desde 1999, por adotar o sistema 85/95: mulheres terão que somar 30 anos de trabalho aos 55 anos de idade e, para os homens, o resultado deve ser 95 (60 + 35). Como muitos contribuintes se aposentaram e voltaram a trabalhar, comenta-se que o governo quer alterar os cálculos para 95/105. “Não é um toma lá, dá cá. Ainda não está definido se será para mais ou para menos”, disse Garibaldi. 

Colaboraram Diego Abreu e Karla Correia