Auditório na Esplanada passa a se chamar Roseli Faria em homenagem à APO que marcou a história da gestão pública brasileira

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O principal auditório do bloco K da Esplanada dos Ministérios ganhou, em 16 de novembro deste ano, um novo significado. O espaço, que integra as sedes do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e do Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO), agora leva o nome de Roseli Faria, Analista de Planejamento e Orçamento, referência nacional na agenda de igualdade racial e ex-dirigente da ASSECOR. A homenagem celebrou uma trajetória que ultrapassa o campo técnico e alcança dimensões humanas, políticas e institucionais.

Roseli, falecida em setembro deste ano, aos 54 anos, construiu uma carreira dedicada a aprimorar o Estado brasileiro a partir de um olhar comprometido com justiça, diversidade e participação social. Na carreira de APO, destacou-se pela produção rigorosa, pela defesa de políticas públicas baseadas em evidências e pela compreensão de que o orçamento é uma ferramenta essencial para reduzir desigualdades estruturais. Sua atuação na diretoria da ASSECOR também deixou marcas: foi voz ativa na defesa da carreira, da qual era um dos maiores expoentes, e contribuiu para qualificar debates internos sobre inclusão, transparência e aperfeiçoamento institucional.

A cerimônia de nomeação reuniu autoridades, colegas e familiares que reiteraram o impacto transformador de sua trajetória. Para a ministra Simone Tebet, Roseli fez parte de um grupo de servidoras que abriram caminhos e ampliaram o horizonte do debate sobre orçamento sensível a gênero e raça. Já a ministra Esther Dweck destacou que dar seu nome ao auditório no mês da Consciência Negra reforça o compromisso do Estado com a memória e com o avanço das políticas afirmativas.

Depoimentos emocionados lembraram diferentes dimensões de sua contribuição. A presidenta do Ipea, Luciana Servo, ressaltou o papel decisivo de Roseli na formulação e revisão de instrumentos que garantiram mais justiça nos processos de heteroidentificação e no fortalecimento das ações afirmativas nos concursos. Representantes do Ministério da Igualdade Racial ampliaram essa perspectiva ao destacar como sua atuação ajudou a reposicionar temas muitas vezes marginalizados dentro da agenda estatal.

Para colegas da carreira de Planejamento e Orçamento, a homenagem também carrega um valor simbólico. Roseli representou, de forma exemplar, o que significa ser servidora pública comprometida com a transformação social. Sua capacidade de articular argumentos técnicos com sensibilidade política, de convocar debates qualificados e de enxergar o papel do orçamento no enfrentamento das desigualdades inspirou gerações de APOs.

Entre momentos marcantes da cerimônia, foi exibido trecho de discurso de Roseli no qual ela afirmou que “a desigualdade social se mantém porque o racismo sustenta as estruturas”, uma síntese da visão que conduziu seu trabalho e sua militância.

Ao gravar seu nome no principal auditório dos ministérios responsáveis pela gestão, planejamento e orçamento, o Estado brasileiro não apenas homenageia uma servidora exemplar: reafirma que sua contribuição permanece viva na construção de uma administração pública antirracista, diversa e comprometida com a redução das desigualdades. Para a ASSECOR, a trajetória de Roseli segue como inspiração e referência permanente de competência, coragem e compromisso público.