No Senado, despesas com viagens disparam e sobem 148%

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Levantamento realizado pelo GLOBO na página da Transparência do Senado mostrou que os gastos com pagamentos de diárias a senadores em viagens nacionais e, sobretudo, internacionais subiram 148 % entre 2011, início da atual legislatura, e 2013. No mesmo período, a inflação acumulada medida pelo IPCA — índice que embute a conta “serviços” — foi de 19,38%. Em público, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fala em reduzir despesas.

Em 2011, o Senado pagou R$ 201,1 mil para que seus parlamentares pudessem se hospedar e se alimentar nos quatro cantos do mundo — sem considerar os pagamentos de passagens aéreas, que são custeadas diretamente pelo Senado ou, em alguns casos, pelos governos ou instituições que convidam os parlamentares a visitá-los. Em 2012, foram R$ 375 mil e, no ano passado, R$ 498,8 mil.

 

 

Para se afastar do país, o senador precisa de autorização do plenário da Casa, mas, na maioria das vezes, a aprovação é dada sem que haja qualquer debate sobre a importância do evento e agenda da viagem. A mesma coisa acontece no retorno do parlamentar: ele precisa apresentar um relatório do que fez no exterior, mas, como o controle sobre as atividades parlamentares não é dos mais rígidos — muito pelo contrário —, o viajante limita-se a narrar fatos aleatórios sobre suas andanças.

Há casos em que senadores passearam por quase 20 dias em um país europeu, e, na volta, a prestação de contas limitou-se a um discurso de cerca de três minutos, citando apenas algumas cidades onde estiveram e o nome de uma ou outra autoridade.

Um dos destinos mais frequentes dos senadores é Nova York. E, para visitar a cidade, há uma desculpa perfeita: a Assembleia Geral da ONU, que tem abertura entre setembro e outubro, mas que se estende até fevereiro do ano seguinte.

Um dos mais frequentes nessa rota é Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Desde 2010 ele viaja anualmente para lá como observador parlamentar. No ano passado, recebeu R$ 6.901 pelo pagamento de sete diárias.

Os painéis na ONU são muito diversificados. Há debates ou informes desde processos na Corte Internacional de Justiça contra pessoas acusadas de genocídio até a importância do esporte como uma forma de fazer um mundo mais pacífico e melhor. É só escolher algum tema, passar pela sala e assistir.

O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), é outro que vai com frequência a Nova York. No ano passado, ele recebeu R$ 8.798 como pagamento de nove diárias para participar da Assembleia Geral da ONU. Mas Viana esteve na cidade antes do início do evento e saiu justamente no dia oficial da abertura, que é tradicionalmente marcada pelo discurso do presidente brasileiro. No caso, da presidente Dilma Rousseff.

Nos tempos em que era considerado um dos principais vestais do Senado, Demóstenes Torres, cassado em julho de 2012 por envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, também visitou Nova York. Entre 6 e 16 de outubro de 2011, recebeu 11 diárias, no valor de R$ 8.785, para atuar como observador parlamentar na ONU.