Para evitar calote, governo deve autorizar empréstimo de R$ 2 bilhões

381

O setor elétrico se transformou em um buraco sem fundo. Desde que o governo decidiu intervir para conceder desconto médio de 20% na conta de luz em 2013, a fatura não para de crescer, seja para as empresas, seja para o Tesouro Nacional. Pelas contas dos especialistas, não bastassem os quase R$ 30 bilhões já enterrados no processo, quantia que não evitou o reajuste da energia para mais de 40 milhões de consumidores, há pelo menos R$ 56 bilhões represados por conta dos sucessivos empréstimos e aportes para socorrer as distribuidoras.

A situação é tão complicada que, um dia depois de a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiar, para o fim do mês, o pagamento de R$ 1,3 bilhão em dívidas pelas distribuidoras, o governo sinalizou que poderá autorizar novo empréstimo às empresas, de mais de R$ 2 bilhões, por meio da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Essa empresa já havia assumido débitos de R$ 11,2 bilhões com um pool de bancos, para evitar que o Tesouro contabilizasse essa fatura e destruísse de vez as contas públicas.

Os analistas só veem piora nesse quadro. Eles lembraram que, sem recursos, as distribuidoras precisariam desembolsar R$ 1,9 bilhão na próxima segunda-feira para liquidar as operações realizadas no mercado livre em maio. Para não ser decretado o calote, a Aneel conseguiu adiar uma parcela da conta, de R$ 1,3 bilhão, para o fim do mês. Foi uma forma de dar tempo ao governo para definir de onde tirará os recursos, conforme o diretor da agência reguladora, Romeu Rufino, que está em contato com o Ministério da Fazenda.

O problema é que, da mesma forma como não conseguirão honrar a fatura da semana que vem, as distribuidoras continuarão sem caixa para pagar as parcelas seguintes. Por isso, a necessidade de se fazer um novo empréstimos por meio da CCEE. Os mais de R$ 2 bilhões previstos só resolverão as dívidas de julho e agosto. Segundo a Associação Brasileira das Distribuidoras de Energia Elétrica (Abradee), as empresas precisarão de mais R$ 7 bilhões até dezembro.