Política econômica de Dilma deixa herança de desafios a serem superados
Não é à toa que, desde o início da campanha eleitoral, o mercado financeiro se posicionou contrário à reeleição da presidente Dilma Rousseff, adotando uma postura mais firme do que a dos próprios concorrentes da candidata. Quando a petista subia nas pesquisas, a bolsa caía, e o dólar avançava. Economistas, investidores e analistas não escolheram fazer oposição da noite para o dia. A aversão à era Dilma surgiu logo no início do mandato e só se intensificou.
Economista formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Dilma foi eleita em 2010 sustentando um perfil de “gerente” e mostrando-se disposta a dar continuidade à política econômica de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, que penou, mas conquistou o respeito do mercado financeiro. Em 2002, em meio a uma onda de desconfiança, a Carta ao povo brasileiro, assinada por Lula, selou uma paz duradoura com os investidores.
Dilma não conseguiu a mesma façanha de seu padrinho político ao chegar ao Planalto. Com um perfil fortemente intervencionista, ela produziu uma série de medidas que alimentou a rejeição entre investidores e empresários, aqui e no exterior, e, no fim das contas, não alcançou os objetivos esperados.
A maior parte dos erros da política econômica, no entender do mercado, esbarra em artificialismos, que, de tão utilizados, acabaram se transformando na marca da era Dilma. “A lista de distorções da realidade é imensa e já estamos pagando as consequências dessa postura”, afirma Roberto Luis Troster, ex-economista-chefe da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), hoje consultor.
Entre as consequências sublinhadas por Troster, fazendo eco a quase todos os analistas, estão a inflação alta e persistente, mesmo com o represamento de preços administrados; uma indústria cambaleante; o crescimento medíocre da economia, bem abaixo da média dos países emergentes; câmbio defasado e juros básicos de 11% ao ano, mais altos que os 10,75% deixados por Lula.