Governo decide corte de R$ 25 bi no Orçamento
O governo decidiu nesta quinta-feira (18) que o corte no Orçamento deste ano ficará em torno de R$ 25 bilhões, mas ainda não definiu qual será a proposta para flexibilizar a meta de superávit primário (a economia do governo para pagar dívidas), afirmaram à Reuters duas fontes com conhecimento sobre o assunto.
O que está sendo estudado é permitir que o governo possa assumir um rombo na economia para pagamento de juros de até 1% do PIB (Produto Interno Bruto, soma de todas as riquezas do País), caso ocorra eventual frustração de receitas extraordinárias esperadas para 2016.
A meta deste ano é de superávit primário de R$ 30,554 bilhões, equivalente a 0,5% do PIB para o setor público consolidado — governo central, Estados, municípios e estatais.
A Junta Orçamentária — formada pelos ministros Nelson Barbosa (Fazenda), Jaques Wagner (Casa Civil) e Valdir Simão (Planejamento, Orçamento e Gestão) — reuniu-se mais cedo nesta quinta-feira e bateu o martelo sobre o corte, que pode ser anunciado já nesta sexta-feira.
A urgência cresceu após o novo rebaixamento do rating brasileiro pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s na véspera, colocando o País ainda mais longe do selo de bom pagador.
A Junta, segundo as fontes, ainda não decidiu sobre a flexibilização da meta de primário que, na prática, permitiria o rombo primário. “Quando ao déficit [primário], não foi decidido ainda”, afirmou uma das fontes, envolvida no assunto e que pediu anonimato.
Na semana passada, o governo havia decidido adiar para março a divulgação do corte no Orçamento deste ano, que viria junto com uma série de medidas no campo fiscal, como a flexibilização da meta.
Também existe a ideia dentro do governo de compensar a flexibilização da meta impondo limites de gastos em momentos de boa arrecadação, que agora tem sido abatida pela forte recessão pela qual passa o País.
Mas, diante dos sinais de que a política fiscal pode ser novamente relaxada, os mercados financeiros vêm reagindo mal, bem como a confiança dos agentes econômicos cada vez mais abalada. Por isso, o governo pode antecipar o anúncio do corte, para dar um sinal de austeridade.